EVELYN ANNY FILS PUIG
*4 de Novembro de 1926
+6 de Julho de 2012
A
história de Evelyn Anny Fils Puig já fala por ela. Mulher forte e de luta, exemplo
de honestidade e de bravura acima de tudo, era referência mundial para IdeM. O
Brasil todo a nação, está de luto por sua partida. Evelyn nasceu 04 de novembro
de 1926, em Viena, Áustria, e se foi no dia 06 de julho de 2012, no Rio de
Janeiro, Brasil. Autora de um livro, “Chico o Menino de “Chico o Menino de Ruas”, (Editora
IdeM 1984).
Evelyn Puig (Como era mais conhecida)
teve relevante papel de incentivo à
cultura e apoiava projetos sociais voltados aos menos favorecidos em
comunidades de baixa renda do Rio de Janeiro. Colaborou de forma incansável para
difundir IdeM no Brasil e aproximar as diferentes culturas e pessoas, sempre
levando uma mensagem de tolerância e de paz. A forma dedicada com que tratava a
todos ficará registrada na memória de todos.
Segundo
seu filho Daniel “O arco que sua vida construiu por muitas outras cidades,
angariou centenas de amigos, em quem ela pensava sempre, com muito carinho.
Dedicou sua vida a um trabalho incansável, por modificar alguma coisa da
natureza humana. Sabia ouvir, compreender e amar. Evelyn, sem dúvida, deixou um
rastro de luz por todos os lugares por onde passou. Me recordo sempre com um sorriso,
mãe, e com teu carinho,” lembrou com saudades.
Com Luis Puig viveu
uma eterna história de amor. Evelyn foi uma pessoa de opiniões firmes e de uma
sinceridade inesperada. Em seus últimos 50
anos de vida, Evelyn, se dedicou com amor ao próximo juntamente com seu marido
Luis Puig. No Brasil Evelyn tinha o hábito de fazer reuniões de mulheres, para angariar
fundos que serviam para alguma atividade de IdeM. Outra atividade de Evelyn era
o de reunir crianças e jovens para lhe ensinar a língua inglesa.
Querida amiga Evelyn. E no
meio dessa confusão você partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma
despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma
separação como às vezes acontece em um grande evento – uma pessoa se perde da
outra, procura-a por um instante e depois adere a um outro evento.
É melhor pensar que a
última vez que nos encontramos nos curtimos muito. Depois apenas aconteceu que
não nos encontramos mais. Nós não nos despedimos, a vida é que nos despediu,
cada um para seu lado, sem glória nem pensamentos tristes.
Acreditamos que será
permitido guardar uma leve tristeza e também uma lembrança boa; que não será
proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será triste dizer que a
separação, ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego;
e um indefinível remorso e uma grande saudade.
E que houve momentos
perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram nas vidas das
pessoas que contigo conviveram; que a lembrança deles se faz sentir maior a
solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz; que importa que uma estrela
já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso sonho?
Talvez não mereçamos
imaginar que haverá outros verões; se eles nos vierem os receberemos obedientes
como as cigarras e as paineiras – com flores e cantos. O inverno que nos
maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para
outro, como dois bonecos na mão de um timoneiro inábil.
Ah, talvez valesse a pena
dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que
não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas
mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas
douradas e digamos apenas a pequena palavra. A pequena palavra que se alonga
como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo, Adeus.
Um dia um homem que
acreditava na vida após a morte, e que valorizava o ser mais que o ter,
hospedou-se na casa de um materialista convicto, em bela mansão de uma cidade europeia.
Depois da ceia, o anfitrião convidou o hóspede para visitar sua galeria de
artes e começou a enaltecer os bens materiais que possuía, de maneira soberba.
Falou que o homem vale pelo
que possui, pelo patrimônio que consegue acumular durante a sua vida na terra.
Exibiu escrituras de propriedades as mais variadas, joias, títulos, valores
diversos. Depois de ouvir e observar tudo calmamente, o hóspede falou da sua
convicção de que os bens da terra não nos pertencem de fato, e que mais cedo ou
mais tarde teremos que deixa-los.
Argumentou que os
verdadeiros valores são as conquistas intelectuais e morais e não as posses
terrenas, sempre passageiras. No entanto, o materialista falou com arrogância
que era o verdadeiro dono de tudo aquilo e que não havia ninguém no mundo capaz
de provar que todos aqueles bens não lhe pertenciam.
Diante de tanta teimosia, o
hóspede propôs-lhe um acordo; - Já que é assim, voltaremos a falar do assunto
daqui a cinquenta anos, está bem? – Ora, disse o dono da casa, daqui a
cinquenta anos nós já estaremos mortos, pois ambos já temos mais de sessenta e
cinco anos de idade!
O hóspede respondeu
prontamente: - É por isso mesmo que poderemos discutir o assunto com mais
segurança, pois só então você entenderá que tudo isso passou pelas suas mãos
mas, na verdade, nada disso lhe pertence de fato. Chegará um dia em que você
terá que deixar todas as posses materiais e partir, levando consigo somente
suas verdadeiras conquistas, que são as virtudes do espírito imortal.
E só então você poderá
avaliar se é verdadeiramente rico ou não. O homem materialista ficou
contemplando as obras de arte ostentadas nas paredes de sua galeria, e uma
sombra de dúvida pairou sobre seu olhar, antes tão seguro. E uma voz
silenciosa, íntima, lhe perguntava: - Que diferença fará, daqui há cem anos, se
você morou em uma mansão ou num casebre?
- Se comprou roupas em
lojas sofisticadas ou num bazar beneficente? – Se bebeu em taças de cristal ou
numa concha de barro? – Se comeu em pratos finos ou numa simples marmita? – Se pisou
em tapetes caros ou sobre o chão batido? – Se teve grande reserva financeira ou
viveu com um salário mínimo? – Que diferença isso fará daqui há cem anos?
Absolutamente nenhuma! No entanto, o que você fizer do seu tempo na terra, fará
muita diferença em sua vida, não só daqui há cem anos, mas por toda a
eternidade.
Morre lentamente quem não
troca de ideias. Não troca de discurso, evita as próprias contradições. Morre
lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todo o das o mesmo trajeto e
as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir
cor nova, não dá conversa para quem não conhece.
A morte é além de cruzar o
mundo, como amigos fazem nos mares; vivem dentro um do outro. Para eles as
necessidades devem estar presentes, esse amor é viver naquele que é Onipotente.
Neste vidro/espelho, se veem cara a
cara; e suas conversas são livres, assim como puras. Este é o conforto dos
amigos, que pensavam que poderiam morrer, ainda sua amizade e sociedade são, no
melhor do sentido, sempre presente, porque é imortal.
A morte não é tudo. Não é o
final. A Evelyn passou apenas para a sala seguinte. Nada aconteceu. Tudo
permanece exatamente como foi. Ela é ela e você é você, e a antiga vida que
você vive tão maravilhosamente juntos permanece intocada, imutável. O que quer
que tenhamos sido um para o outro permanece intocada. O que quer que tenhamos
sido um para o outro, ainda somos. Deixe
que o seu nome seja uma palavra comum em casa, como foi. Brinque, sorria, pense
nela e reze por ela.
Evelyn vá com Deus e, onde estiveres agora, que
nossos sentimentos mais profundos te alcancem, confrontando-te e acompanhando
teu espírito, preparando-te para novas viagens que se descortinarão pela frente. A Paz do Senhor fique
contigo. Um beijo, saudades, seus familiares e amigos.