domingo, 8 de julho de 2012

IdeM Brasil se Despede e Homenageia Evelyn Anny Fils Puig

EVELYN ANNY FILS PUIG
*4 de Novembro de 1926
+6 de Julho de 2012

A história de Evelyn Anny Fils Puig já fala por ela. Mulher forte e de luta, exemplo de honestidade e de bravura acima de tudo, era referência mundial para IdeM. O Brasil todo a nação, está de luto por sua partida. Evelyn nasceu 04 de novembro de 1926, em Viena, Áustria, e se foi no dia 06 de julho de 2012, no Rio de Janeiro, Brasil. Autora de um livro, “Chico o Menino de “Chico o Menino de Ruas”, (Editora IdeM 1984).



Evelyn Puig (Como era mais conhecida) teve relevante papel de incentivo à cultura e apoiava projetos sociais voltados aos menos favorecidos em comunidades de baixa renda do Rio de Janeiro. Colaborou de forma incansável para difundir IdeM no Brasil e aproximar as diferentes culturas e pessoas, sempre levando uma mensagem de tolerância e de paz. A forma dedicada com que tratava a todos ficará registrada na memória de todos. 
Segundo seu filho Daniel “O arco que sua vida construiu por muitas outras cidades, angariou centenas de amigos, em quem ela pensava sempre, com muito carinho. Dedicou sua vida a um trabalho incansável, por modificar alguma coisa da natureza humana. Sabia ouvir, compreender e amar. Evelyn, sem dúvida, deixou um rastro de luz por todos os lugares por onde passou. Me recordo sempre com um sorriso, mãe, e com teu carinho,” lembrou com saudades. 
Com Luis Puig viveu uma eterna história de amor. Evelyn foi uma pessoa de opiniões firmes e de uma sinceridade inesperada. Em seus últimos 50 anos de vida, Evelyn, se dedicou com amor ao próximo juntamente com seu marido Luis Puig. No Brasil Evelyn tinha o hábito de fazer reuniões de mulheres, para angariar fundos que serviam para alguma atividade de IdeM. Outra atividade de Evelyn era o de reunir crianças e jovens para lhe ensinar a língua inglesa.
Querida amiga Evelyn. E no meio dessa confusão você partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um grande evento – uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a um outro evento. 
É melhor pensar que a última vez que nos encontramos nos curtimos muito. Depois apenas aconteceu que não nos encontramos mais. Nós não nos despedimos, a vida é que nos despediu, cada um para seu lado, sem glória nem pensamentos tristes.
Acreditamos que será permitido guardar uma leve tristeza e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será triste dizer que a separação, ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso e uma grande saudade. 
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram nas vidas das pessoas que contigo conviveram; que a lembrança deles se faz sentir maior a solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz; que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso sonho? 
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles nos vierem os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras – com flores e cantos. O inverno que nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro, como dois bonecos na mão de um timoneiro inábil. 
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra. A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo, Adeus. 
Um dia um homem que acreditava na vida após a morte, e que valorizava o ser mais que o ter, hospedou-se na casa de um materialista convicto, em bela mansão de uma cidade europeia. Depois da ceia, o anfitrião convidou o hóspede para visitar sua galeria de artes e começou a enaltecer os bens materiais que possuía, de maneira soberba. 
Falou que o homem vale pelo que possui, pelo patrimônio que consegue acumular durante a sua vida na terra. Exibiu escrituras de propriedades as mais variadas, joias, títulos, valores diversos. Depois de ouvir e observar tudo calmamente, o hóspede falou da sua convicção de que os bens da terra não nos pertencem de fato, e que mais cedo ou mais tarde teremos que deixa-los. 
Argumentou que os verdadeiros valores são as conquistas intelectuais e morais e não as posses terrenas, sempre passageiras. No entanto, o materialista falou com arrogância que era o verdadeiro dono de tudo aquilo e que não havia ninguém no mundo capaz de provar que todos aqueles bens não lhe pertenciam. 
Diante de tanta teimosia, o hóspede propôs-lhe um acordo; - Já que é assim, voltaremos a falar do assunto daqui a cinquenta anos, está bem? – Ora, disse o dono da casa, daqui a cinquenta anos nós já estaremos mortos, pois ambos já temos mais de sessenta e cinco anos de idade!
O hóspede respondeu prontamente: - É por isso mesmo que poderemos discutir o assunto com mais segurança, pois só então você entenderá que tudo isso passou pelas suas mãos mas, na verdade, nada disso lhe pertence de fato. Chegará um dia em que você terá que deixar todas as posses materiais e partir, levando consigo somente suas verdadeiras conquistas, que são as virtudes do espírito imortal.
E só então você poderá avaliar se é verdadeiramente rico ou não. O homem materialista ficou contemplando as obras de arte ostentadas nas paredes de sua galeria, e uma sombra de dúvida pairou sobre seu olhar, antes tão seguro. E uma voz silenciosa, íntima, lhe perguntava: - Que diferença fará, daqui há cem anos, se você morou em uma mansão ou num casebre? 
- Se comprou roupas em lojas sofisticadas ou num bazar beneficente? – Se bebeu em taças de cristal ou numa concha de barro? – Se comeu em pratos finos ou numa simples marmita? – Se pisou em tapetes caros ou sobre o chão batido? – Se teve grande reserva financeira ou viveu com um salário mínimo? – Que diferença isso fará daqui há cem anos? Absolutamente nenhuma! No entanto, o que você fizer do seu tempo na terra, fará muita diferença em sua vida, não só daqui há cem anos, mas por toda a eternidade. 
Morre lentamente quem não troca de ideias. Não troca de discurso, evita as próprias contradições. Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todo o das o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir cor nova, não dá conversa para quem não conhece. 
A morte é além de cruzar o mundo, como amigos fazem nos mares; vivem dentro um do outro. Para eles as necessidades devem estar presentes, esse amor é viver naquele que é Onipotente. Neste  vidro/espelho, se veem cara a cara; e suas conversas são livres, assim como puras. Este é o conforto dos amigos, que pensavam que poderiam morrer, ainda sua amizade e sociedade são, no melhor do sentido, sempre presente, porque é imortal. 
A morte não é tudo. Não é o final. A Evelyn passou apenas para a sala seguinte. Nada aconteceu. Tudo permanece exatamente como foi. Ela é ela e você é você, e a antiga vida que você vive tão maravilhosamente juntos permanece intocada, imutável. O que quer que tenhamos sido um para o outro permanece intocada. O que quer que tenhamos sido um para o  outro, ainda somos. Deixe que o seu nome seja uma palavra comum em casa, como foi. Brinque, sorria, pense nela e reze por ela. 
Evelyn vá com Deus e, onde estiveres agora, que nossos sentimentos mais profundos te alcancem, confrontando-te e acompanhando teu espírito, preparando-te para novas viagens que se descortinarão pela frente. A Paz do Senhor fique contigo. Um beijo, saudades, seus familiares e amigos.

3 comentários:

  1. Joelina como esta foto e todas as imafens acima, revelam o quanto a sra. Evelyn era especial para todos nós. Nós lideranças da zona norte sentiremos muito sua falta.
    Luiz Soares

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  2. Essa lembrança tão poética produz a saudade pela sua ausência e a alegria por todo o que a gente aprendeu com ela.
    Eu sempre vou lembrar a sua paz,sabedoria, hospitalidade e alegria...
    María Cristina.
    Colômbia.

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  3. Não houve um só dia em que estive com Dna Evelyn que eu não tenha aprendido algo. Fosse com suas palavras, na sua forma de falar, com seus gestos e ações, ela sempre tinha algo a nos ensinar. Sentimos e ainda vamos sentir muito a sua falta, mas tenho a certeza de que muitos estão felizes por estar com ela agora. Eu nunca conheci uma mulher tão corajosa, bondosa, compreensiva e determinada. Ela era uma mulher sábia e vou tê-la sempre como um exemplo a seguir.
    Leonora
    Rio de Janeiro

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