terça-feira, 24 de julho de 2012

Maria Teresinha de Jesus uma Mulher de Esperança promovendo a Paz na Cidade de Deus

Unidas por profunda amizade mulheres da Cidade de Deus, lideradas por Maria Teresinha Justos de Jesus, presidente da ONG OSAMI- Obra Social de Apoio ao Menor e ao Idoso desafiam o ódio, a violência e a fome através dos quatro padrões de Iniciativas de Mudança, (Honestidade, Pureza, Altruísmo e Amor) para construir a paz no Brasil.

Ao lado de tratados e protocolos oficiais, há um modo silencioso de agir, de pessoas que empenham avida para edificar sutilmente, e a partir da base, aquelas redes de amizade, solidariedade e convivência – ou seja, uma cultura de paz e de esperança – que por si só conseguem garantir o domínio de acordos de alto nível.

 São mulheres comprometidas em construir concretamente esperança no seu pacificado bairro, através da opção educativa das novas gerações. Terezinha é católica, 75 anos, nasceu em Poços de Caldas, MG, mãe de quatro filhos e tem quatro netos.


A História de Teresinha

Além de seus filhos é “mãe” de mais de 100 crianças e jovens, num total de 500 famílias, amparadas pela OSAMI, onde buscam uma nova vida depois do abandono ou da violência. Tudo começou em 16 de Julho de 1986, com os primeiros 10 meninos, sem ajuda do governo, mas através do trabalho voluntário.

“Sempre há esperança quando se procura avaliar e sentir o sofrimento do outro. Apesar das dificuldades, encontrei pessoas capazes de construir pontes de compreensão e, com pequenos gestos de amizade, conseguimos dar alívio a tantas tristezas que há nesta Cidade de Deus”, declara Teresinha.

Em 1999 surgia então o projeto da OSAMI Mulheres Criadoras de Paz que funciona dentro e fora da Cidade de Deus. Ele é formado por mulheres, moradores e líderes comunitários, a partir de 18 anos e periodicamente a ONG oferece aulas e capacitação, para que todos possam trabalhar dentro de suas comunidades. O objetivo do grupo é trazer a cultura de paz onde ela se faz necessária.

O projeto veio a partir de uma conferência que Teresinha assistiu em Caux, nos Alpes Suíço e passou a ser multiplicadora deste trabalho no Brasil. E o que é a cultura de paz? É o respeito pelas pessoas, sobretudo no que elas têm de diferentes. É poder estudar e trabalhar, é o direito de sonhar e correr atrás do seu sonho.

Estão entre as atribuições da OSAMI Mulheres Criadoras de Paz participar das atividades de formação cidadã, dialogar e colaborar na organização dos jovens de sua comunidade e atentar para quais são as necessidades dos jovens.

Criadoras de Paz, um programa de Iniciativas de Mudança, é uma rede de trabalho composta por mulheres, que nasceu da convicção de uma política da Tanzânia, Anna Abdallah Msekwa, que viu na abordagem básica de IM uma forma de animar mulheres comuns para assim ser parte da construção da paz na comunidade.

Lançada em 1991, tem reunido mulheres de todo o mundo em conferências e agora também através de encontros conhecidos como ‘Círculos de Criadoras de Paz’.

Aplicando Iniciativas de Mudança em sua vida, a líder comunitária sabe que o perdão e a reconciliação são as palavras mais doces de Deus e as mais salutares para a alma. Em 2009, depois de20 anos de trabalho, Teresinha ganhou nove máquinas novas e uma máquina de lavar, que foram doadas pelo Comitê de funcionários do Banco do Brasil foi fruto de sua participação desde 1989, na Ação Cidadania contra a Miséria, contra a Fome e pela Vida.

Teresinha tinha decidido abrir uma oficina de costura, para gerar renda para as pessoas que trabalham nela, já que o desemprego é um dos maiores problemas do local até hoje. A oficina é montada numa das salas da associação de moradores. 

Diante da necessidade das mulheres de se profissionalizar e gerar renda a OSAMI oferece Curso de Corte e Costura. “Todo o nosso material, como tecido, aviamento e etc. nós pedimos em fabricas desativadas, oficinas e lojas. As pessoas nos doam sucatas,  inclusive de maquinas, que nós consertamos e utilizamos”, disse Teresinha.

Atualmente a OSAMI produz bolsas, com malotes doados pelo Banco do Brasil, que são bordadas, pintadas e vendidas em feiras do Brasil e do Exterior. Todo o produto das vendas é repartido entre as costureiras. “Acreditamos na amizade construída lá atrás para que a violência na Cidade de Deus também acabasse. Agradecemos porque com os quatro padrão aprendeu a amar mais a vida”, acrescenta Teresinha.

Quando as costureiras de Teresinha se apresentam em qualquer parte do mundo, diante de plateias de até 1.200pessoas, provocam coisas extraordinárias. Recentemente, numa feira realizada no Rio Grande do Sul, no final do evento, ainda descalços, sentados no chão, responderam às perguntas sobre a pacificação na Cidade de Deus e causaram grande impacto nos presentes. Teresinha acrescenta: “Quando você transmite o valor tão precioso da vida, como Idem, todas as pessoas que estão ao seu redor são contagiadas”.

E a presidente da OSAMI continua alembrar: “Um dia, uma menina, que tinha perdido dois irmãos vítimas da violência que era a Cidade de Deus, me perguntou como eu conseguia juntar tantas pessoas, de diferentes situações e se não tinha medo?”

E ela respondeu: “De todos os lados existem pessoas que merecem que conversemos que cultivemos amizade; somente assim poderemos vencer todas as formas do mal que estão entristecendo, a infância, a esperança de um futuro, o desejo de viver”.

“Queremos testemunhar a amizade e a busca pela paz”. Com sua experiência em trabalhos sociais Teresinha vem experimentando mudar este mundo, na Cidade de Deus e em todo lugar por onde passa. “Somos mães e educadoras preocupadas com o futuro de nossos filhos e netos. Estamos aqui consolidando a necessidade de paz. Com fé e esperança conseguiremos”, acrescentou.

A Cidade de Deus é um bairro desmembrado de Jacarepaguá oriundo de um conjunto habitacional, situado na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Foi construído em 1960 pelo governo do antigo Estado da Guanabara, como parte da política de remoção de favelas de outras áreas da cidade.

Com uma população em torno de 38 mil habitantes, a Cidade de Deus apresenta indicadores sociais entre os mais críticos do Rio de Janeiro, embora situado na vizinhança de bairros nobres da cidade, como Freguesia e Barra da Tijuca.

Os logradouros do bairro têm nomes de personalidades, localidades e fatos da Bíblia Sagrada. Em 2002, o sucesso do filme Cidade de Deus colocou o bairro intensamente nos veículos de comunicação, reforçando o estigma de comunidade violenta e perigosa e favorecendo uma onda de preconceito e discriminação.

“Em nosso trabalho de promover a paz nunca jogamos pedras ou destratamos alguém, principalmente os que estavam fora da lei. Entendemos que eles não pediram para serem assim.” Encerrou Teresinha.

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